Ministério dos Esportes faz balanço positivo da Copa das Copas
Após uma preparação conturbada, com estádios atrasados e projetos de infraestrutura não entregues, a Copa do Mundo do Brasil, a ‘Copa das Copas’ como a batizou a presidenta Dilma Rousseff, gerou desconfiança por parte da mídia nacional e internacional a respeito da capacidade do país de sediar um evento como esse. Chegando ao último dia do torneio, no entanto, o governo federal considera a realização do Mundial um sucesso que provou a eficiência do Brasil na organização.
O Ministério do Esporte até admite ter tido problemas de planejamento nos anos que antecederam a Copa, mas avalia que “diante das dúvidas, que eram muito fortes, o balanço é extremamente positivo”, conforme disse à agência britânica de notícias BBC o secretário executivo da pasta, Luis Fernandes.
– O balanço que fazemos é altamente positivo. Se nós pensarmos em todos os desafios operacionais de organizar a Copa em um país de dimensões continentais, nós só tivemos problemas pontuais e localizados. Funcionou tudo muito bem. O Brasil mostrou que é possível combinar eficiência operacional com alegria e espontaneidade – comentou o secretário.
Luis Fernandes reconheceu, porém, que os atrasos, principalmente dos estádios, prejudicaram a preparação brasileira para o torneio. Ainda assim, o secretário vê um ‘exagero’ de parte da mídia antes do início do torneio ao prever que o Brasil ‘passaria vergonha’ no Mundial.
– Acho que em parte da cobertura da imprensa houve um exagero nas críticas à preparação do Mundial, às vezes com termos fortes, dizendo que o Brasil iria passar vergonha no mundo por conta da ineficiência no planejamento. Não que não tivessem sido cometidos erros, claro que nós queríamos que os estádios tivessem ficado prontos antes. Mas não saiu do controle em nenhum momento – afirmou.
A partir de 2007, quando foi confirmado como sede da Copa do Mundo, o Brasil começou a se planejar para receber o torneio. O país se comprometeu a reformar ou construir 12 arenas em 12 cidades-sede diferentes e, em 2010, criou a chamada “Matriz de Responsabilidades”, um documento que incluía todas as obras de infraestrutura e mobilidade urbana que seriam realizadas para o Mundial.
Eram 108 projetos, incluindo estádios, obras em aeroportos, portos, construção de BRTs (Bus rapid transit), entre outras coisas. Desses, 22 foram excluídos da Matriz ainda no ano passado porque não ficariam prontos a tempo. E mesmo depois do início do Mundial, várias obras ainda não tinham sido terminadas e ficaram para depois.
Para o governo brasileiro, porém, os atrasos nessas obras de mobilidade urbana e infraestrutura – com exceção dos estádios – não atrapalharam em nada a realização da Copa do Mundo porque não eram essenciais para ela.
– A Matriz de Responsabilidades da Copa não reúne obras essenciais pra Copa do Mundo, não são todas essenciais. Ela é um plano de investimento – pontuou o secretário Luis Fernandes.
O Itaquerão foi um dos estádios cujas obras atrasaram; acidentes causaram três mortes
– Os atrasos fizeram com que uma série de processos que eram pra ser feitos sequencialmente fossem feitos ao mesmo tempo. Essa era a grande prova se o evento seria realizado com a qualidade necessária pro sucesso. E a gente viu que foi. Telecomunicação funcionou, os serviços funcionaram, segurança funcionou – disse.
Queda de viaduto
Desde seu pontapé inicial, em 12 de junho, a Copa do Mundo no Brasil ‘conquistou’ torcedores de todo o mundo e ganhou inúmeros elogios de quem estava visitando país pela primeira vez. A BBC ouviu dezenas deles nas últimas semanas, com os brasileiros se dizendo ‘surpresos’ com a organização do evento e os estrangeiros destacando principalmente a hospitalidade do povo local e a beleza dos estádios.
Ainda assim, o Mundial no Brasil apresentou dois problemas mais graves, com a queda de um viaduto em Belo Horizonte – que estava incluído nas obras para a realização da Copa do Mundo na cidade, mas não ficou pronto a tempo – matando duas pessoas e a invasão do Maracanã por 85 chilenos que conseguiram burlar a segurança na entrada do estádio para a partida entre Chile e Espanha e chegaram a derrubar a parede do centro de mídia temporário da arena.
– Os aeroportos funcionaram bem, com uma média de atrasos abaixo do que é considerado aceitável, a mobilidade urbana, que também era motivo de crítica, funcionou bem, não tivemos grandes incidentes, o mais grave foi a invasão dos torcedores do Chile, mas foi resolvido na hora e não voltou a se repetir – comentou Luis Fernandes.
Sobre o viaduto, o secretário lamentou o acontecido, mas destacou que ‘acidentes ocorrem em todo o mundo’ e disse que não vê a imagem de Belo Horizonte ser prejudicada por conta disso.
– Esse e um acidente lamentável porque ele envolveu a perda de vidas. Mas essa obra nunca foi essencial pra realização da Copa do Mundo, então não foi acelerada por causa do evento. Foi um acidente de engenharia, e acidentes de engenharia acontecem no mundo todo. Houve um acidente, há que se investigar, sei que a prefeitura está fazendo todas as investigações pra punir os responsáveis. Mas isso foi um incidente localizado, não tem impacto sobre o evento – observou.
Satisfeito com as operações da Copa até aqui e com o fato de “tudo ter dado certo”, o secretário executivo do Ministério do Esporte apenas lamentou o desempenho da seleção brasileira, que não conseguiu chegar à final do Mundial e acabou eliminada com o placar de 7 a 1 pela Alemanha. Para ele, o “fiasco” esperado acabou acontecendo dentro de campo.
– Acho que a grande expectativa das pessoas era de que seria um sucesso dentro de campo e um possível fiasco fora de campo. Acabou sendo o inverso – brincou.
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