segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Lula 2018 namora o espólio de Eduardo Campos e quer controlar um novo governo Dilma

Com o desgaste de Gilberto Carvalho no Planalto, o ex designou um novo porta-voz informal para seus recados ao palácio e ao público, o presidente do PT, Rui Falcão

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Ex-governador Eduardo Campos deixa a cena e 
embaralha o quadro sucessório, o que confunde 
até o PSB
 
Eduardo Campos gostaria de observar de perto como o PSB administra a perda de seu líder e presidente no acidente aéreo de quarta-feira em Santos. Ao decidir pela candidatura própria do partido na sucessão presidencial, Campos a conduziu como forma de abandonar a antiga subordinação aos interesses do PT, contra a tendência do então vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.
Agora na coordenação da sucessão de Campos como presidenciável, Amaral continua a preferir o partido socialista como linha auxiliar do PT de Lula. Por isso, resistiu à composição, em outubro, com Marina Silva. Mas praticamente se rendeu a Marina ao reconhecê-la como virtual candidata, na sexta-feira, 15, depois de oferecer ao PSB a oportunidade de rediscutir o futuro do partido.
Um dos riscos para o PSB é Marina se eleger pelo partido e depois continuar a insistir na criação da Rede. Levaria consigo quadros e eleitores socialistas. Se for eleita e continuar no PSB, poderá se afastar do programa socialista? Em qualquer hipótese, como ficariam os ambientalistas e políticos que recrutou para a Rede? Poderão se sentir logrados.
Entrou em jogo também a coesão dos socialistas sem o carismático comando de Campos. Assim como ambientalistas e políticos se preocupam com o futuro da Rede, o partido que Marina tentou fundar, mas malogrou no Tribunal Superior Eleitoral, há dez meses, porque não convinha ao Planalto ter um novo candidato de oposição à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Em contatos com socialistas influentes no partido, Lula abriu as portas do PT ao reatamento da antiga aliança que Campos rompeu. Tentou ainda conquistar um lugar para Dilma nos palanques regionais do PSB, como em São Paulo. Junto à família Campos, o ex-presidente apresentou solidariedade pela morte inesperada. Mas a família já declarou apoio a Marina como herdeira.
Ao público, Lula reconheceu interesse pela reaproximação com o PSB, mas prometeu ações apenas depois do enterro de Campos. “Obviamente que mudou a conjuntura política e eu não sei qual o tamanho do impacto”, claudicou duas vezes na declaração e prosseguiu:
— Não vamos tentar antecipar os fatos. Vamos esperar enterrar o companheiro Eduardo e os companheiros que estavam com ele, e depois voltamos a falar da política, a falar da campanha.
A consagração de Marina como presidenciável não é boa para Dilma, mas é pior para Aécio Neves (PSDB). Seria a certeza de que haveria uma segundo turno na eleição — tudo o que Campos desejava para cavar uma posição para si na disputa mano a mano da final. Ao entrar no páreo, Marina pode ocupar a vice-liderança e retirar o tucano Aécio do segundo turno.

As contas marineiras, porém, baseiam-se em boa parte no desempenho que Marina obteve ao se candidatar em 2010. No primeiro turno, ficou em terceiro lugar com 19,6 milhões de voto — ou 19,34% dos eleitores. A segunda disputa ficou entre Dilma e o tucano José Serra. Resta observar se Marina manterá o mesmo carisma quatro anos depois em outro cenário de disputa.
A favor de Aécio fica a possibilidade de Marina fechar o palanque tucano paralelo que Campos abriu em associação à reeleição do governador Geraldo Alckmin. Na parceria com Campos, o tucano até assumiu como vice em sua chapa o presidente do PSB no Estado, deputado federal Márcio França. Se Marina fechar o palanque, Alckmin fica inteiro para Aécio.
Ela tem razões apara virar as costas ao governador. Na quarta-feira, Marina só não estava no avião de Campos porque o roteiro dele em São Paulo incluía contatos com Alckmin. Ao assumir a candidatura a vice, cortou o namoro entre Campos e Aécio em busca de parceria no segundo turno presidencial. Enfim, Marina não gosta de tucanos.
O virtual segundo turno deste ano levou Lula a retomar a disputa com a sucessora Dilma pelo controle da campanha da reeleição. O conflito entre lulistas e dilmistas desgastou o espia palaciano de Lula, o secretário-geral, Gilberto Carvalho. Por isso, no começo da semana o presidente do PT, Rui Falcão, apresentou-se como novo porta-voz de Lula junto ao poder.


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