quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Adversários já se preparam para enfrentar Marina Silva



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Em meio ao choque causado pela notícia da morte de Eduardo Campos, integrantes do PSB, do governo Dilma, do PT e da campanha do tucano Aécio Neves avaliam reservadamente acreditar na consolidação, nos próximos dias, do "caminho natural" –ou seja, a oficialização do nome de Marina Silva para a Presidência da República.
Apesar disso, no entorno de Marina e do PSB quase todos ressaltam que só passado o abalo inicial e o luto pela morte do ex-governador de Pernambuco será possível haver uma definição clara. O partido terá 10 dias para anunciar um novo candidato, se esta for a alternativa escolhida.
Um dos indicativos que apontam para a ida de Marina para a cabeça de chapa está na nota lida nesta quarta (13) pela coligação liderada pelo PSB, em que é citada frase de Campos de que as pessoas não podem "desistir do Brasil". "A perda de Eduardo encerrou sua vida, mas não seus ideais", diz o texto.
Sem ter conseguido montar um partido político para disputar o Palácio do Planalto, Marina Silva acabou se filiando ao PSB e aderindo à candidatura de Campos em outubro do ano passado.
Tendo obtido 19,6 milhões de votos para presidente em 2010 (ficou em terceiro na disputa), e com desempenho bem melhor do que Campos nas pesquisas de intenção de voto, a ex-senadora era frequentemente citada como uma "sombra" do ex-governador, ameaçando-lhe a prevalência na chapa.
Mas Campos controlava toda a máquina partidária. Além disso, o grupo político de Marina sempre deixou claro que deixará a legenda assim que conseguir validar sua própria sigla na Justiça Eleitoral, a Rede Sustentabilidade.
Essa divisão ficou explícita nos últimos meses na definição dos palanques regionais –Marina reprovou publicamente os acertos feitos pelo PSB com o PT no Rio e com o PSDB em São Paulo–, o que pode representar uma ameaça à viabilidade de uma candidatura. Ontem mesmo, nos bastidores, uma ala do PSB já defendia a escolha de um nome genuíno do partido para substituir Campos.
No PT e no governo Dilma, a avaliação preliminar é que haverá uma ''comoção'' que contribuirá para a consolidação da candidatura de Marina no lugar de Campos.
Interlocutores do ex-presidente Lula dizem que o ideal, para a candidata Dilma, seria o PSB optar pela neutralidade, mas avaliam que isso é praticamente impossível.

Se a entrada de Marina na disputa se viabilizar, a cúpula petista prevê prejuízos para Dilma, pois, segundo eles, ficaria praticamente assegurado um segundo turno. Já se Marina não for a escolhida, o PT teme que setores do PSB migrem para a candidatura de Aécio.
Já para o PSDB, a candidatura de Marina é nociva por tirar votos hoje endereçados ao tucano Aécio Neves. Em compensação, os tucanos fazem a mesma avaliação dos petistas, de que o segundo turno fica garantido. Acreditam, também, que apoios de partidos como o PPS poderiam migrar para o PSDB, por não terem identificação ou simpatia por Marina.
ATAQUE ESPECULATIVO
Em um movimento posterior à definição da candidatura de Marina, segundo petistas, haverá um "ataque especulativo" tanto do PSDB como do PT ao PSB.
Nesse cenário, o partido de Aécio investirá nas frentes pessebistas em São Paulo e Minas Gerais, diretórios mais alinhados com os tucanos. O PSB mineiro, por exemplo, faz parte do governo tucano, no qual comanda a Secretaria de Educação.

Por outro lado, o PT vai tentar acordo com as regionais do PSB de Pernambuco, Amapá, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, mais alinhadas com os petistas.
Nas palavras de um integrante do comitê presidencial de Dilma, Marina seria ''candidata dela mesma'', assim como ocorreu em 2010 quando ela se lançou na disputa presidencial pelo PV, com tempo de TV insignificante e poucos apoios estaduais.
Visivelmente abatida, Marina fez nesta quarta um breve pronunciamento. "A imagem que eu quero guardar dele foi da nossa despedida. Cheio de alegria, cheio de sonhos, de compromissos. É com esse espírito que peço a Deus que possa sustentar sua família e a todos nós", disse.

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