domingo, 23 de março de 2014

Ocupações nas favelas do Rio serão por tempo indeterminado, afirma PM

Porta-voz da PM divulgou vídeo no YouTube para esclarecer ocupações.
Tenente-coronel ratificou que governo não recuará na política de pacificação

Do G1 Rio
O Governo do Rio de Janeiro divulgou na tarde deste sábado (22) um vídeo em que o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudio Costa, explica as grandes operações policiais que entraram em curso na noite de sexta-feira (21) na capital. 

PARA ACESSAR O VÍDEO, CLIQUE NO SEGUINTE LINK:

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/03/ocupacoes-nas-favelas-do-rio-sao-por-tempo-indeterminado-afirma-pm.html

Ele afirmou que as ocupações serão "por tempo indeterminado". As comunidades ocupadas são Parque União e Nova Holanda, no Conjunto de Favelas da Maré, Manguinhos, na Zona Norte do Rio, e os morros do Juramento e Juramentinho, em Vicente de Carvalho, Para Pedro, no Colégio, e Chapadão, em Costa Barros, todos no Subúrbio.

O oficial explicou que as comunidades alvo das operações "estão dominadas por uma determinada facção criminosa que vem atacando as Unidades de Polícia Pacificadora". Ele enfatizou que o governo não irá recuar na política de pacificação e convocou a população a ajudar no combate aos criminosos por meio de denúncias sobre localização de bandidos, armas e drogas.

O governo do Rio aguarda o envio de tropas federais para apoiar a polícia nas operações. O pedido de auxílio foi feito pelo governador Sérgio Cabral diretamente à presidente Dilma Rousseff.  A assessoria da Secretaria Estadual de Segurança informou que o esquema de reforço do Exército nas comunidades cariocas será definido em uma reunião na segunda-feira (24). O encontro deve reunir representantes do governo do estado, o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso, e o chefe do estado-maior das Forças Armadas, José Carlos de Nardi.

Fuzil e drogas são apreendidos durante operação no Parque União (Foto: Polícia Militar / Divulgação )Fuzil e drogas são apreendidos durante operação
no Parque União (Foto: Polícia Militar / Divulgação )
Mortos e apreensões
De acordo com a Polícia Militar, dois suspeitos morreram após trocarem tiros com PMs na favela Para Pedro. Três homens foram detidos e um menor apreendido. Foram confiscados ainda um fuzil, uma metralhadora, duas pistolas, drogas, telefones e munição. Também foram encontradas quatro granadas defensivas, que, segundo a PM, são de de uso exclusivo das forças armadas. Não há informações sobre como os criminosos tiveram acesso ao artefato.

Até as 17h deste sábado, também tinham sido apreendidos sete quilos de maconha prensada e três de cocaína, um fuzil AK 47, dois carregadores de pistola e uma granada no conjunto de favelas da Maré. Na Comunidade Nova Holanda foram apreendidos uma pistola, um carregador, munições, uma granada lacrimogênio, quatro balanças de precisão, quatro rádios portáteis, 91 cápsulas de cocaína e meio quilo de maconha.
No Parque União, o Bope apreendeu um fuzil, uma granada, carregadores de pistola e drogas. Não houve troca de tiros e as ocorrências foram encaminhadas para a 21ª DP (Bonsucesso).
Cães dão apoio na varredura feita pela PM na Maré (Foto: Polícia Militar / Divulgação)Cães dão apoio na varredura feita pela PM na Maré
(Foto: Polícia Militar / Divulgação)
Varredura na Maré
O Bope está atuando na Maré com um efetivo de 120 homens e tem o apoio do Grupamento Aéreo do Comando de Operações Especiais (Coe). De acordo com o batalhão, o objetivo é fazer uma "varredura" na área.

A ocupação acontece após uma série de ataques a bases de UPP na quinta-feira (20). Sete favelas pacificadas tiveram registro de ofensiva de criminosos somente em 2014, como levantou o G1.
Em reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, na sexta, o governador Sérgio Cabral pediu auxílio de forças federais de segurança. O Comando Militar do Leste (CML) informou ao G1 na manhã deste sábado que ainda não há previsão para início de atuação do Exército na Maré ou em outras comunidades do Rio.
Em um dos ataques, o mais grave, o comandante da UPP Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, foi baleado na coxa e cinco bases da UPP Mandela, além de dois carros da PM, foram incendiados. Outro policial ficou ferido. Para especialistas ouvidos pelo G1, o projeto não corre risco, mas precisa de apoio.
Após reunião do gabinete de crise, na madrugada de sexta, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que os ataques teriam sido orquestrados por uma facção criminosa e que a ordem teria partido de dentro de presídios.
"Nós temos, sim, confirmado. Eu posso dizer isso a vocês, nós temos isso confirmado. E o que nós viemos fazer aqui [reunião no Centro Integrado de Comando e Controle] é exatamente um plano para que nós possamos proteger sem dúvida nenhuma a cidade de mais esta crise", afirmou Beltrame.
Choque ocupa Chapadão desde a noite de sexta (Foto: Reprodução/ TV Globo)Choque ocupa Chapadão desde a noite de sexta (Foto: Reprodução/ TV Globo)
 
Polícia atua no Morro do Juramento após ataques a UPPs no Rio (Foto: TV Globo/Reprodução)Polícia atua no Morro do Juramento após ataques a UPPs no Rio (Foto: TV Globo/Reprodução)
Ações orquestradas
A Polícia Militar do Rio de Janeiro acredita que as ações criminosas que ocorreram em três UPPs da Zona Norte tenham sido orquestradas. O comandante-geral das UPPs, Coronel Frederico Caldas, disse na manhã desta sexta-feira (21) que nunca houve um evento tão extremo como o que ocorreu em Manguinhos.

"Não temos mais dúvidas de que o que aconteceu em Manguinhos, Arará, Mandela e Camarista/Méier foram ações orquestradas. Apesar de ser uma área de hostilidade, em Manguinhos nunca tivemos um evento tão extremo como o que aconteceu ontem. Cinco das sete bases foram incendiadas e algumas viaturas também", disse coronel Frederico Caldas.
Apesar da relação entre os ataques, Caldas exclui a troca de tiros no Conjunto de Favelas do Alemão desta lista. Segundo ele, a ação no Alemão, também na noite de quinta, foi pontual.
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