Dilma segue em agenda positiva enquanto oposição se debate por CPI
25/3/2014 14:03
Por Redação - de São José dos Campos, SP
Por Redação - de São José dos Campos, SP
No primeiro de uma série de eventos marcados para esta semana, a presidenta Dilma Rousseff assinou, nesta terça-feira, um contrato para construção de moradias aos sem-teto, expulsos pela Polícia Militar paulista do assentamento de Pinheirinho, em 2012. Dilma relembrou, em sua conta no Twitter, a ação truculenta da Tropa de Choque do governo do Estado de São Paulo em janeiro de 2012 ao despejar cerca de 1,5 mil famílias do bairro de Pinheirinho, em São José dos Campos. “O despejo das famílias da comunidade do #Pinheirinho, em S. José dos Campos, em 22/01/2012, nunca será esquecido”, escreveu Dilma.
– Quero dizer para as famílias do Pinheirinho. Quando vocês, daqui a um ano, entrarem na casa de vocês, entrem de cabeça erguida. Vocês não devem essa casa a ninguém, nem a mim, não devem ao governo federal, ao governo estadual nem à prefeitura. Essa casa vem primeiro, do dinheiro arrecadado do povo brasileiro. Segundo, vem também da luta de vocês. Vocês conquistaram essa casa. Vocês têm direito a ela, é uma questão de cidadania e é assim que o povo do Brasil tem de ser tratado – disse a presidenta, em seu discurso.
A presidenta assinou, sem a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) – algoz dos assentados – o contrato para o início das obras do Residencial Pinheirinho, que terá 1,7 mil moradias “em área regularizada, com todos os serviços públicos”. Segundo Dilma, serão “casas que vão proporcionar a cada família a oportunidade de recomeçar a vida com dignidade”.
“Hoje um novo #Pinheirinho está surgindo no horizonte. Estou em S. José dos Campos para o início das obras do Residencial”, escreveu a presidente. Segundo ela, a construção das moradias, que se dá dois anos depois do despejo das famílias, aconteceu “a partir do diálogo com movimento social e entre os governos federal, estadual e municipal” e “que somamos recursos para os residenciais”.
A desocupação de Pinheiro foi uma ação de reintegração de posse em uma área do bairro de São José dos Campos. O terreno, de propriedade do empresário Naji Nahas, ficou abandonado por mais de dez anos e passou a ser ocupado pelas famílias em 2004 de maneira irregular. A comunidade foi retirada de suas casas de forma violenta, classificada pela própria presidente Dilma, na época, como “barbárie”.
O Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo divulgou, em 2013, um relatório com mais de 1,8 mil denúncias de violações de direitos humanos que teriam ocorrido durante o despejo. São relatos de ameaças, agressão física, humilhação e problemas nos alojamentos temporários. A Defensoria Pública move cerca de mil ações pedindo indenização.
Sem CPI
O périplo de Dilma por uma série de eventos marcados ao longo da semana serve para apagar, de certa forma, o incêndio político que se propaga no Congresso. Nesta terça-feira, decisiva para a criação de uma CPI da Petrobras no Senado, seu principal adversário, o senador mineiro Aécio Neves, pré-candidato à sucessão presidencial, este ano, liderava os esforços da oposição para instalar uma investigação sobre a compra, pela estatal, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. As chances de conseguir atingir seu objetivo, segundo observadores da cena política, ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, eram mínimas.
Para Aécio, a resposta divulgada pela presidente Dilma Rousseff na semana passada explicando as circunstâncias da aquisição foi “insuficiente”, por isso ressalta a necessidade de uma CPI a fim de “dar respostas à sociedade”. O líder da Minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), pretendia apresentar um projeto de resolução para a criação da CPI na Casa. Segundo ele, os partidos de oposição se organizam para conseguir o apoio de parlamentares da base governista.
– Queremos que não seja uma CPI política ou da oposição, mas, sim, uma CPI de interesse do povo para esclarecer um assunto que envolve a maior empresa pública brasileira. Nossa proposta, embora apresentada pela oposição, é para ser abraçada por todos – completou.
Para o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), as iniciativas da oposição têm endereço certo, em ano eleitoral.
– Falaram que a presidência da República é a ‘principal autoridade nessa negociata’; ninguém pode se dirigir nesses termos à nação brasileira, colocando a Presidência da República ou tentando colocá-la sob suspeição. Até porque Dilma foi de uma honestidade intelectual que muitos não tiveram no cargo que ela ocupa hoje – concluiu.
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