sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mercosul pede que Lula fique e ao Paraguai que aceita a Venezuela no Bloco

Nesta sexta-feira a 40ª Cúpula de chefes de Estado com um coro que pediu ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, "que fique" e ao Paraguai que supere o trâmite que impede o bloco de receber a Venezuela como membro definitivo.
A reunião, finalizada nesta sexta-feira na cidade de Foz do Iguaçu, acabou transformada em uma grande despedida para Lula e supôs o último compromisso internacional de seu mandato, pois entregará o cargo no dia 1º de janeiro à presidente eleita, Dilma Rousseff.
Na cúpula estiveram presentes os governantes do Paraguai, Fernando Lugo, que recebeu de Lula a Presidência rotatória do bloco, da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica.
Também, em sua qualidade de países associados ao Mercosul, estiveram os líderes da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Sebastián Piñera, assim como o vice-presidente da Colômbia, Angelino Garzón, e representantes do Equador, Peru e Venezuela.
Cada um deles, ao discursar na sessão plenária, usou boa parte do tempo para elogiar a figura de Lula, que para Mujica é desde agora "o senhor Mercosul" e para Lugo uma "luz que ilumina o futuro".
Cristina lamentou o "até logo" de Lula, mas comemorou que seu lugar será ocupado por uma mulher. "Quero dizer olá a Dilma e dizer que a estamos esperando com muito afeto e carinho, e também com muito amor", assegurou a presidente argentina.
Piñera citou o escritor alemão Bertolt Brecht, afirmou que Lula é daqueles "homens imprescindíveis" que lutam a vida toda e cumprimentou o líder evocando a despedida do jogador Pelé.
"No estádio Maracanã, cheio de ponta a ponta, todo mundo gritava: Fica Pelé. Fica Pelé. Hoje dizemos: Fica Lula. Fica Lula", disse Piñera.
Morales foi além e sugeriu Lula como "candidato à Secretaria-Geral da ONU", no meio de uma das várias ovações que os presidentes renderam ao governante brasileiro, que se limitava a sorrir emocionado.
"Precisará fazer campanha, mas melhor que um líder sindical para nos representar dignamente na ONU", disse Morales, embora Lula tenha rejeitado a oferta em uma posterior entrevista coletiva.
"Não preciso de cargos, mas de motivação para seguir na política e isso eu tenho", declarou.

A unanimidade nos elogios a Lula foi a mesma em relação à adesão da Venezuela como quinto membro pleno do Mercosul, que já foi aprovada pelos Congressos de Argentina, Uruguai e Brasil e só depende de uma votação no Parlamento paraguaio.
Cristina manifestou sua convicção de que a entrada da Venezuela será aprovada durante a Presidência do Paraguai e afirmou que será "um passo transcendental" para o Mercosul.
Lula pediu a seus "companheiros presidentes" que trabalhem "de forma incansável" para "convencer" o Parlamento do Paraguai, e Mujica, dirigindo-se a Lugo, declarou que é necessário "que a Venezuela entre no Mercosul e que toda a América Latina participe" "deste projeto que está apenas começando".
O único dos presidentes do Mercosul que não tocou no assunto foi Lugo, que se viu forçado duas vezes a retirar o projeto da pauta parlamentar perante a possibilidade de que o Congresso rejeitasse e fechasse a porta definitivamente para a Venezuela.
Durante a Cúpula, o Mercosul aprovou a criação do cargo de alto representante do bloco, que substituirá o extinto posto de Presidente do Conselho de Representantes, e assinou uma série de acordos para consolidar a união aduaneira, assim como outros de tipo comercial que ampliarão os horizontes do bloco.
Nesse ultimo encontro, foi anunciado o início de negociações de livre-comércio com Síria e Palestina, que têm um indubitável viés político depois que Brasil, Argentina e Uruguai decidiram reconhecer o Estado palestino segundo as fronteiras de 1967.
Esse reconhecimento múltiplo, ao qual ainda não se somou o Paraguai e sobre o qual Lugo não se manifestou nesta Cúpula, gerou críticas em Israel, que assinou um acordo de livre-comércio com o Mercosul que entrou em vigor neste ano.
Na plenária desta sexta-feira, Morales expressou, de parte da Bolívia, um "reconhecimento à Palestina como Estado independente", no momento em que também cumprimentava a presença de delegados da Turquia, Síria, Cuba, Austrália e Nova Zelândia, que participaram na qualidade de convidados especiais.
EFE
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