terça-feira, 18 de setembro de 2012


Marmiteiro


1945



Autor: Murilo Caldas
Intérprete: Valdomiro Lobo
Gênero: Marcha


Deposto Getulio, o PTB e o movimento queremista perceberam rapidamente que só havia uma alternativa capaz de impedir a vitória das oposições e do brigadeiro Eduardo Gomes nas eleições: o restabelecimento a toque de caixa da aliança entre Vargas e Dutra, rompida no momento da deposição do presidente pelas Forças Armadas.

Hugo Borghi, talvez o mais ativo dirigente petebista naqueles meses turbulentos, acabou arrancando de Getulio o apoio ao ex-ministro da guerra. E notabilizou-se por uma jogada de marketing hostil que atingiu duramente a candidatura do Brigadeiro. Tendo o candidato da UDN declarado num comício que não precisava dos votos da “malta” de desocupados que apoiava Vargas, Borghi fez uma transcrição para lá de livre da declaração do Brigadeiro.

Apegando-se a uma das definições de “malta” existentes no dicionário – “grupo de operários que percorrem as linhas férreas levando suas marmitas” –, o dirigente petebista disse que o candidato da UDN desprezava o voto dos marmiteiros, dos trabalhadores. A afirmação colou – entre outras coisas, porque a UDN tinha mesmo o nariz em pé – e o Brigadeiro passou o resto da campanha explicando-se. Em vão, é claro.

Na marcha, todo mundo grita: “Lá na minha casa/ Só se papa de marmita”. E o sambista convoca o povo para “entrar pro cordão dos marmiteiros” – uma antítese do “cordão dos puxa-sacos”.


“Marmiteiro, marmiteiro,
Todo mundo grita
Porque lá na minha casa
Só se papa de marmita

Vamos entrar pro cordão dos marmiteiros
E quem não tiver pandeiro
Na marmita vai tocar
E quem não tocar
Quá, quá, quá
Nós vamos cantar, nós vamos cantar"

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