quinta-feira, 12 de setembro de 2019

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

ALMA GÊMEA

                        Edson Nogueira Paim

Rosalda, você foi embora
Deste mundo, ainda cedinho
Vi desfeito nosso ninho
Não sei como, nem porquê
Sem roteiro ou referência
Arribo, mas não me aprumo
Vou à deriva, sem rumo
A bússola era você 

Perplexo ainda, eu me pergunto  
Porque veio a ser assim 
Você ir antes de mim
A passos, devagarinho  
Naquela tarde sombria  
Na trilha do campo santo
Eu murmuro com espanto
Oh meu Deus, estou sozinho

Procuro, mas não me encontro
Nem me reinventar eu posso
Espargiu o que era nosso
Insisto mas não consigo
Colimar um novo norte
Hoje vivo em desatino
Na incerteza do destino
Carente de um ombro amigo

Longe de você, querida
Sobrevivo tão tristonho
Por fenecer nosso sonho
Sonho que chega ao fim
Todo envolto por saudades
Eu prossigo na jornada 
Cambaleante na estrada 
E um cavo dentro de mim

A pensar em nossa vida
Um lampejo em minha mente
Resplandece de repente
Certa noite de vigília
A sonhar mesmo acordado
Atino-me satisfeito 
Que você, de próprio jeito
Modelou nossa família

Em instantes me interrogo
Se existir vida pós-morte 
E se acontecer por sorte
Descortinar este véu
A fim de encontrar Rosalda
Deveria buscá-la onde 
E meu bisneto responde
A vovó está no céu!